Cansei

Cansei.

Cansei de agir, cansei de pensar

Cansei de procurar a felicidade

Deixe que ela mesma me encontre

Por estes cantos que estou caminhando

Frequentemente

Entregando-me, matando-me

Dilacerando-me aos poucos

E tornando pedaços de algo que não sou

Mas eu te confesso que cansei

Cansei de buscar você, felicidade

Que tanto se esconde de mim

Cansei de sofrer

Cansei de brigar

Cansei de amar

Oh, não, em vão.

Hoje vejo seus olhos e nada sinto

Hoje vejo sua boca e não me lembro

Não me lembro de quando ela encontrou a minha

Mas eu digo que cansei

Cansei da falta de sentido propositalmente irritante

Cansei do apelo sentimental exageradamente agonizante

Cansei de mim mesma, admito

Não vivo mais por você, felicidade

Não vivo mais por ninguém

Não vivo por mim, nem pelas flores sem pétalas

Hoje não vivo mais a vida, quero que ela me viva

Engolindo-me para sempre, pois

Cansei. 

Eu não espero
Eu não planejo
Mas eu quero
E almejo 


Busco o improvável
Espero o inesperado
Sonho com o irreal
Vejo coisas invisíveis


E vou de encontro com o meu amor. 

Eu não quero voltar sozinha

Às vezes me sinto cega
Uma solitária no mundo escuro
E eu não consigo superar


Às vezes me pego sozinha
Pensando besteira
E a solidão que não vai embora


Às vezes eu falo sozinha
Pensando ser meu próprio amigo
Quando na verdade estou só 


Já disse muitas vezes que me basto
E eu me basto mesmo 
Mas às vezes, só às vezes, sinto-me solitária


Eu não quero voltar sozinha.