22 de agosto de 2012

Nove minutos e cinquenta e nove segundos

Nove minutos e cinquenta e nove segundos, que antes não eram nem metade do tempo suficiente para que nos sentíssemos plenas. Nunca era suficiente. Hoje talvez seja. Nove é incompleto, inconstante, inóspito. E você sabe que números ímpares não me agradam. 

Ímpar é um. É solitário, triste, forma primos, nunca pares. Eu não vivo ímpar, pois não posso me sentir incompleta. Eu sou, vivo, respiro e interpreto os pares, quase sempre apaixonados. Quase... 

Talvez eu seja o zero. Sim, o zero, segundo a matemática, é um número par. Mas o que é o zero? A ausência? A falta? Talvez... 

Então eu sou o zero, que está cercado de números ímpares, e por este motivo os matemáticos dizem que ele é par. Uma curiosidade é que o zero também é divisível por dois. E aí é que fica a dúvida: mas como vamos dividir o nada e a ausência? E a resposta é: mas quem disse que o mundo é justo? 

Não é e nunca será. Por isso a injustiça com o zero e com todas as almas ímpares. Estas últimas fadadas a viver a inconstância e a maldição de nunca terem um resultado exato quando divididas por dois. 

16 de agosto de 2012

Sangue

Lembro-me quando já eram cinco da manhã e nos olhávamos por aquele quadradinho de uma webcam. Eu acordava cedo para o trabalho, mas não me importava. O que me importava era você, apenas você, sua cara de sono e o início do nosso amor.

Hoje temos hora para nos falarmos, hora para nos vermos e, inclusive, hora para brigarmos. Eu não me lembro como chegamos até aqui, mas neste momento minhas lágrimas quentes escorrem pelo rosto. Será o fim? Será?

Ouvi todas aquelas duras palavras olhando para o meu sangue escorrendo. O amor virou imposição? O amor basta? E o resto? Onde está?

- “Ora, mas se já amas, o que mais lhe espera?”

- “Espero as estrelas do céu dentro de mim novamente”.

- “Mas isso já é utopia demais, não acha?”

- “Acho... por isso o pranto”.

O sangue coagulou. O show de estrelas foi embora para outro céu. Engolindo a saliva seca, percebo que ela não vai a lugar algum. Não há para onde ir, nem para onde correr. É vazio, que antes era preenchido com o que mesmo? Não me lembro.

A lâmina brilha olhando e rindo para mim.

- “Viu? Eu te avisei que isso iria acontecer”.

- “Eu deveria era ter ficado quieta”.

Ela me cortou e tentou espantar a dor de dentro de mim. Mas a dor de fora nem foi sentida, de tão forte que o coração batia. E tremia. E a lâmina provocava.

- “Cadê você?”

- “Estou aqui”.

- “Para onde vai?”

- “Vou tentar mais uma vez”.

Sozinha eu já não sei para onde ir. Entre um comprimido e outro, penso em como resolver meu coração e o vazio que fazia a saliva se perder. Muitas palavras foram brutalmente vomitadas naquela noite e, em cada pensamento, uma confusão.

- “Eu acabei com a sua vida. Por que insistir?”

- “Porque nos amamos”.

- “E por isso você vai continuar sofrendo?”

Afinal de contas, o amor é tudo? É tudo o que temos?

A cabeça já não pensa como antes. O cérebro está agitado. Confusão.

Preciso resolver a minha vida. Será que consigo?

24 de novembro de 2011

Lua

Linhas ingratas que guiam pensamentos bagunçados
A madrugada inspira o eu-lírico 
Eu não devia estar aqui, mas não consigo não estar
"Não" é negação, mas também pode ser simplesmente um orgulho bobo 
Que muitas vezes incomoda uns e outros


Viajo a um paraíso com a incerteza de retorno 
Vou, fico, não durmo, não acordo. 
Não vivo, não sinto, não cheiro, não quero. 
Não vejo, não olho, não ouço nem escuto. 


Abstraio-me subjetivamente calada
O pensamento já não é mais o mesmo
Os versos diminuem
As palavras também
Silêncio, é tudo o que preciso. 


Acordo. Olho ao meu redor. 
Tum-tum-tum-tum
O que é isso? 
- Um coração disparado querendo viver
"Oh, céus, deixe-o sair!"


Vá viver, coração. Saia, inspire-se, mas volte
Volte, pois preciso de você dentro de mim. 
Dentro deste corpo que só sente quando você pulsa
Tum-tum-tum-tum


Madrugada a dentro, não vejo o sol nascer
Os olhos não querem enxergar, pois uma hora se cansam
O corpo está denso, não se aguenta
Até a próxima linha ingrata guiada por pensamentos bagunçados me encontrar novamente. 

22 de novembro de 2011

Fraco, mas não morto

Eu só queria ser feliz
Eu só queria boas histórias
Eu só queria inspiração 
Eu só queria você ao meu lado
Eu só queria um sorriso
Encontrei lágrimas, tristeza e solidão. 
O que vai agora, um dia volta 
Sempre volta. 
Fraco, mas não morto. 

7 de outubro de 2011

Por dentro e por fora

Nunca imaginei que pudesse existir neste planeta um ser humano como você. Eu, sempre rodeada por amores e desamores (mais desamores que amores) me perdi nas redundâncias afetivas, vivendo o “mais do mesmo” dos “500 Dias com Ela”, ouvindo The Smiths e acreditando que aquela realidade era verdadeira.

Tudo antes de te conhecer...

Amor é mais do que um ciclo vicioso. Descobri que amor vicia, sim, mas é o vício mais gostoso de sentir. Se ele foi inventado, o marketeiro estava num dia inspirado e teve uma ótima estratégia. Um produto que nem tem propaganda na TV, muito menos vídeo no Youtube ou Trending Topic no Twitter. Amor não precisa de propaganda, nem divulgação.

Quando ele surge, não queremos parar de sentir. E no meu caso foi a primeira vista. Sim, um olhar entre a multidão, um meio sorriso, talvez um pouco envergonhado e ganhei o maior presente que já poderia ter recebido: um coração renovado.

Todo mundo quer um amor, e todo mundo precisa de um. E estou falando de amor de verdade, quando estamos prontos a fazer qualquer coisa pelo outro. É quando você planeja o seu futuro pensando em seu amor.

Eu achava que sabia (e sentia) esse tal de amor. Não, eu não tinha ideia do que isso tudo era. Talvez ainda não tenha, mas posso dizer que sinto. Sinto em cada olhar, em cada sorriso, em cada sms recebido, em cada beijo, em cada abraço, em cada ligação atendida. Eu amo.













Procure um amor, encontre, cuide e viva a história da sua vida. 

1 de outubro de 2011

Sucessão de erros
Encontros desencontrados
Saturação
Angústia reprimida
Esquecida e abolida
Deixa viver
Deixa acontecer
Deixa esquecer
Deixa o futuro chegar
E dizer
O que vai acontecer.

29 de setembro de 2011

Sobre olhar para o lado

Eu não sou um patrimônio seu
Você não é um patrimônio meu
Mas eu me sinto sua, mesmo de fato não sendo
E gosto de me sentir assim.
Sei que você olha para o lado
Sei que estou longe
Sei que existe saudade
Sei também que te amo
Sei que sofro em silêncio
Cada vez que você olha para o lado
E eu não estou.
Sei que somos pequenos
E que você não é um patrimônio meu
Mas peço que se lembre de mim
Cada vez que olhar para o lado distante de meus olhos.