22 de agosto de 2012

Nove minutos e cinquenta e nove segundos

Nove minutos e cinquenta e nove segundos, que antes não eram nem metade do tempo suficiente para que nos sentíssemos plenas. Nunca era suficiente. Hoje talvez seja. Nove é incompleto, inconstante, inóspito. E você sabe que números ímpares não me agradam. 

Ímpar é um. É solitário, triste, forma primos, nunca pares. Eu não vivo ímpar, pois não posso me sentir incompleta. Eu sou, vivo, respiro e interpreto os pares, quase sempre apaixonados. Quase... 

Talvez eu seja o zero. Sim, o zero, segundo a matemática, é um número par. Mas o que é o zero? A ausência? A falta? Talvez... 

Então eu sou o zero, que está cercado de números ímpares, e por este motivo os matemáticos dizem que ele é par. Uma curiosidade é que o zero também é divisível por dois. E aí é que fica a dúvida: mas como vamos dividir o nada e a ausência? E a resposta é: mas quem disse que o mundo é justo? 

Não é e nunca será. Por isso a injustiça com o zero e com todas as almas ímpares. Estas últimas fadadas a viver a inconstância e a maldição de nunca terem um resultado exato quando divididas por dois. 

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